ATA DA QUARTA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 07.04.1993.

 


Aos sete dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e quatro reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quarta Sessão Solene da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislatura, destinada a homenagear os oitenta e cinco anos do Sport Club Internacional e o vigésimo quinto aniversário de inauguração do Estádio Beira-Rio, de acordo com os Requerimentos nºs 28/94 e 02/94 (Processos nºs 162 e 28/94) de autoria, respectivamente, dos Vereadores Fernando Zachia e Jocelin Azambuja. Ás dezessete horas e vinte minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Compuseram a Mesa: o Vereador Luiz Braz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, o Senhor Pedro Paulo Salvatori Zachia, Presidente do Sport Club Internacional, o Secretário de Comunicação Social do Estado e Vereador Licenciado desta Casa, Senhor Dilamar Machado, representando neste ato o Governador do Estado, o Desembargador Tupinambá Nascimendo representante do Tribunal de Justiça do Estado, o Senhor Adauto Vasconcelos, representante do Senhor Prefeito Municipal, o Senhor Emílio Perondi, Presidente da Federação Gaúcha de Futebol, o Senhor Luiz Bastian de Carvalho, Presidente do Conselho Deliberativo do Sport Club Internacional, o Vereador Fernando Zachia, Secretário destes trabalhos. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional. Em seguida, o Senhor Presidente manifestou-se acerca da presente solenidade, destacando a importância do Sport Club Internacional para o povo gaúcho e concedendo a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Záchia, em nome das Bancadas do PMDB, PC do B, PFL, PPS e do PSDB discorreu sobre a fundação do Sport Club Internacional, lembrando que um dos objetivos colocados era a popularização do futebol no País. Destacou o crescimento do clube e a participação da torcida colorada, lembrando, também, a construção do Estádio Beira-Rio. O Vereador Jocelin Azambuja, em nome da Bancada do PTB, disse ter com o Estádio Beira-Rio uma ligação muito próxima, lembrando o nome do Senhor Albino Ghering que lhe propiciou a primeira visita ao Estádio Beira-Rio ainda em construção. Destacou a necessidade de luta de todos os colorados para que o Internacional garanta as vitórias tão esperadas por sua torcida. Na ocasião, foi ouvida gravação do momento em que o jogador Claudiomir fez o primeiro gol no jogo inaugural do Estádio Beira-Rio. A seguir, o Senhor Presidente registrou as seguintes presenças: dos Senhores José Asmuz, Manoel Braga Gastal, Gildo Rusowski, Albino Ghering, membros e ex-membros da diretoria do Sport Club Internacional, do Senhor Olívio Dutra, ex-Prefeito de Porto Alegre, do Senhor Mauro Pinto Soares, representante da Empresa Portalegrense de Turismo, do Senhor Firmino Cardoso, representante da Associação Riograndense de Imprensa, do Senhor Artur Zanella Presidente da Companhia Riograndense de Turismo, do Senhor Fernando Jorge Schmidt, ex-Presidente do Jokey Club, A seguir, o Vereador Nereu D’ Ávila, em nome da Bancada do PDT, saudou o Sport Club Internacional pelo transcurso de seus oitenta e cinco anos declarando ser um devotado torcedor colorado e narrando emoções sentidas quando da inauguração do Estádio Beira-Rio e da vitória sobre o Grêmio Futebol Clube no jogo inaugural do Estádio Beira-Rio. E o Vereador João Motta, em nome da Bancada do PT, discorreu sobre sua relação com o Sport Club Internacional, dizendo embasar-se ela na paixão pelo futebol que nutre longo tempo. Analisou, ainda, o importante papel que desempenha o futebol em nossa sociedade. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPR, lembrou ter vivido parte da história do Sport Club Internacional registrando sua participação na administração municipal quando da doação de área pública para a construção do Estádio do Beira-Rio. Comentou a importante idade que atinge o clube, discorrendo sobre a participação da torcida colorada na sua história. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Pedro Paulo Zachia, que agradeceu a homenagem prestada pela Casa, discorrendo sobre a história do Sport Club Internacional e a decisiva participação da torcida colorada nesse processo. Logo após, foi ouvida a execução do hino do Sport Club Internacional e às dezoito horas e trinta minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu à presença de todos e declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Luiz Braz e secretáriados pelo Vereador Fernando Zachia, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu Fernando Zachia, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia do documento original.)

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Damos por abertos os trabalhos da quarta Sessão Solene que é destinada a homenagear o Sport Club Internacional, pelos seus 85 anos e o 25º aniversário de fundação do Estádio Beira-Rio, de acordo com dois requerimentos, um de autoria do Ver. Luiz Fernando Záchia e outro de autoria do Ver. Jocelin Azambuja.

Convido para fazer parte da Mesa: O Exmo. Sr. Presidente do Sport Club Internacional, Dr. Pedro Paulo Salvatori Záchia; Exmo. Sr. representante do Tribunal de Justiça do Estado, Dr. Tupinambá Nascimento; Exmo. Sr. representante do Gov. do Estado, Secretário de Comunicação Social, Dr. Dilamar Machado; Exmo. Sr. representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Jornalista Adaucto Vasconcelos; Exmo. Sr. Presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Dr. Emílio Perondi; Exmo. Sr. Presidente do Conselho Deliberativo do Sport Club Internacional, Dr. Luiz Bastian de Carvalho.

Para darmos início solicito que todos, de pé, ouçamos o Hino Nacional.

 

(É executado o Hino Nacional.)

 

É sempre bom nós ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, poder cantá-lo, principalmente no dia em que vamos prestar a homenagem ao Internacional, que é uma das grandes glórias que nós temos no Brasil. Então acredito que o nosso Hino Nacional Brasileiro é um hino que serve para homenagear esta trajetória de glória que o Internacional teve durante esses oitenta e cinco anos e, também, essa glória, que foi realmente cada vez mais realçada depois da inauguração do Beira-Rio, com os vinte e cinco anos de Beira-Rio.

Então, essa Sessão Solene que estamos realizando aqui, nesta tarde, tem realmente um brilho muito especial, uma importância muito grande para a vida desta Casa, porque, afinal de contas, ela resume o que existe dentro da sociedade de Porto Alegre. E a sociedade de Porto Alegre, tenho certeza absoluta, quer homenagear o Internacional. Não importa os momentos de baixa ou de alta que passa o clube, o importante é que ele sempre será, sempre foi, e é no momento a grande glória do esporte no Rio Grande do Sul. Por isso é que estamos realmente orgulhosos de podermos estar aqui prestando esta homenagem. É claro, homenagem esta originada por dois requerimentos de dois Vereadores desta Casa, mas que teve a anuência de todos os Srs. Vereadores que compõem o universo dos 33 Vereadores aqui da Câmara Municipal. Os Vereadores Fernando Záchia e Jocelin Azambuja deram origem a essa homenagem, mas todos os Vereadores realmente gostariam de dar esta origem, tanto é, tenho certeza absoluta que todos estão aplaudindo este momento de glória, depois de 85 anos.

Inicialmente, vamos convidar para fazer uso da palavra o Ver. Fernando Záchia, como proponente. S. Exa. falará em nome da sua Bancada o PMDB, PC do B, PFL, PP, PPS e PSDB.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: (Lê a composição da Mesa.) Srs. Vereadores, ex-Presidentes, Conselheiros, Associados, Funcionários, Colorados e Coloradas. Eu falo com muita satisfação em nome da Bancada do meu Partido, PMDB, e em nome também dos Partidos: PSDB, PC do B, PP, PPS, PFL. PFL que o Vereador, Conselheiro do nosso Internacional, Jair Soares, até é um dos que também subscreveram esta proposta da homenagem ao nosso clube, mas teve que viajar a Brasília, hoje, e infelizmente não está aqui.

Quando em abril de 1909, da fundação do Sport Club Internacional, o futebol era praticado pelas elites, pelas burguesias. Os irmãos Poppe, no momento em que juntaram amigos e fundaram o Clube, eles tinham a preocupação de popularizar o futebol. E aí surgiu, e aí começava a surgir o Sport Internacional, clube do povo, clube mais popular do Estado. Nada mais justo que a Casa do Povo de Porto Alegre, a Câmara de Vereadores homenageie o clube popular, o clube o povo, pela passagem dos seus 85 anos e os 25 anos de inauguração do Estádio do Beira-Rio. Este estádio que em 1957 tramitava nesta Casa um Projeto do saudoso Vereador, saudoso Conselheiro, ex-Presidente do Internacional, ex-Presidente do Conselho Deliberativo, Dr. Ephraim Pinheiro Cabral. Naquela ocasião o Dr. Ephraim entrava com um projeto onde o Município doava um pedaço de terra, ou talvez um pouco d’água, para que o Internacional pudesse ali erguer esse majestoso estádio, esse marco na história do Clube. E eu tinha muita satisfação, porque meu pai naquela época era Vereador pelo extinto PDC e também votava favoravelmente a essa doação do Município, para que pudesse propiciar uma nova era do clube, uma nova era na vida do Internacional. E a partir da inauguração, que sem dúvida foi um ato que demostrou a força, a pujança da torcida colorada. Aqueles abnegados dirigentes, na ocasião, trabalharam pela vida do clube, trabalharam pela construção do estádio, mas quem de fato construiu o estádio foi o torcedor anônimo, aquele que tirava um pedaço do seu pequeno salário e dedicava às obras do Beira- Rio, a bóia cativa, assim como os nossos adversários denominavam na ocasião. Mas veio o Beira-Rio, mostrou a grandeza do torcedor colorado e, com a inauguração do Beira-Rio em seis de abril de 1969, o Internacional entrou em uma nova era. A era do Clube-empresa, a década talvez mais vitoriosa da história do Clube: Tricampeonato Brasileiro, Octa-campeonato Gaúcho. Grandes jornadas e grandes realizações que tivemos no Estádio Beira- Rio. E o Internacional, mais uma vez, também através do Beira-Rio, o Internacional projetava a nossa Porto Alegre. Porto Alegre passava a ser conhecida no mundo, mais conhecida no Brasil, por causa do Internacional, que naquela ocasião - um Clube lá em Porto Alegre - inaugurava, fazia um grande Estádio. Porto Alegre deve muito ao Internacional! O Internacional deu muito a Porto Alegre; Porto Alegre talvez não tenha dado tanto ao Internacional como o Internacional devesse receber.

O Internacional que teve na sua história, no seu passado, o Estádio dos Eucaliptos, onde talvez a maioria, grande parte das pessoas que aqui estão, fizeram a sua iniciação no futebol. Eu, particularmente, comecei a acompanhar o Internacional na década de 60 nos Eucaliptos, naquele velho pavilhão! Ali vimos o Rolo - não vi, a maioria é que viu; vimos o Larry, vimos o Tete. A maioria viu a Copa do Mundo em Porto Alegre em 1950; México, Iugoslávia, Suécia jogaram nos Eucaliptos, que é um marco. Um marco na vida do Clube e é um marco na Cidade de Porto Alegre. E o Internacional até há bem pouco, dois, três anos atrás, articulava junto ao Poder Executivo uma permuta dos Eucaliptos com uma área no Beira-Rio, para que o Internacional pudesse desenvolver mais amplamente esse seu projeto inovador que a atual Direção, que o Presidente Pedro Paulo e sua atual Diretoria estão desenvolvendo - que já na Diretoria anterior, o Presidente Asmuz iniciava -, que é a construção da Vila Olímpica, que é extremamente necessária, hoje, para que se tenha o futebol profissional. O Internacional precisava, na visão desse ex-dirigente, na visão desse Conselheiro, o Internacional precisava essa permuta para que viabilizasse seu projeto. Esta Casa aprovou, mas o Internacional não teve a negociação consumada junto ao Executivo. Uma pena! Insisto, o Internacional deu muito para Porto Alegre, Porto Alegre talvez não tenha dado tanto para o Internacional, Presidente Pedro Paulo Záchia, o resgate da história estimula para o futuro! Com essa certeza está a atual Direção. No início da década de 70, o modelo para o Brasil de clube empresarial de futebol, desprendimento dos dirigentes, uma década vitoriosa. Esse foi o espelho do Internacional na década de 70. Mas com essa convicção, acreditando na força da sua torcida, acreditando principalmente na capacidade dos seus atuais dirigentes, que tenho certeza que o Internacional vai novamente resgatar essa era de vitórias.

Parabéns ao Internacional, Parabéns a 60% deste Estado. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Jocelin Azambuja, pela Bancada do PTB.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Exmo. Sr. Presidente, Ver. Luiz Braz; Exmo. Presidente do querido Sport Club Internacional, Dr. Pedro Paulo Záchia; Exmo. Representante do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Sr. Dilamar Machado; Exmo. Representante do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Dr. Tupinambá Nascimento; Exmo. representante do Governo Municipal, do Prefeito Tarso Genro, o jornalista Adaucto Vasconcelos; Exmo. Presidente da Federação Gaúcha de Futebol do Rio Grande do Sul, Dr. Emílio Perondi; nosso companheiro de Casa e de tantas lutas, o Presidente do Conselho Deliberativo do Sport Club Internacional, o Sr. Luiz Bastian de Carvalho; Srs. ex-Presidentes; Dirigentes; Vereadores; torcedores colorados. Para nós é um momento muito especial ter essa Sessão na Câmara de Vereadores em um laço fraterno com o Ver. Fernando Záchia. Dividimos um pouco o nosso amor colorado e propusemos a homenagem a inauguração e construção do Estádio Beira-Rio, do saudoso José Pinheiro Borba, e pelos 85 anos que tão bem o Ver. Fernando Záchia aqui relembrou para todos nós.

Eu tenho o Beira-Rio como uma coisa muito próxima de mim, porque eu estudava no Colégio Estadual Ignácio Montanha onde tinha uma pessoa que era meio fanática pelo Internacional, e que era envolvido no Círculo de Paes e Mestres da Escola, e que foi, também, um dos que acabou me envolvendo no negócio de CPMs. Ele está sentado, aqui na frente, o Sr. Albino Ghering, que era nosso Presidente no Ignácio Montanha, Presidente da Comissão de Obras, e que, sabendo que nós éramos colorados, começou a nos levar a visitar as obras da famosa “bóia cativa”, que os Gremistas nos gozavam, diziam que lá ia ser a “bóia cativa”. O Sr. Albino nos levava para conhecer e a gurizada toda do Colégio ficava olhando aquele monte de terra e concreto, imaginando como seria aquele tal Estádio Beira-Rio, que era um sonho nosso. Nós íamos nos Eucaliptos e o Grêmio tinha o Olímpico, e nós ficávamos tristes de ver a opulência do Olímpico. E o Albino dizia: vocês se segurem que nós vamos ter o maior estádio do Rio Grande e, quem sabe, do Brasil. E, realmente, acabou-se consumado com toda a luta daqueles gloriosos batalhadores do Inter, que nós não podemos citar nomes, porque acabamos esquecendo alguém. Mas o Internacional deu uma prova de grandeza. Eu não acredito que tenha havido prova de tamanha grandeza de uma comunidade como esta no Rio Grande do Sul e destes colorados espalhados pelo Brasil inteiro, que foi a construção do nosso Estádio Beira-Rio. E que passou, também, por este fato, que bem lembrava o Ver. Záchia, do então Ver. Ephraim Pinheiro Cabral que, com o Projeto, aqui na Câmara de Vereadores, conseguiu a área, e depois foi sancionada pelo Prefeito Leonel Brizola, na época, e acabaram todos os Vereadores e o Prefeito sendo sócios beneméritos do nosso Internacional.

Mas no dia da inauguração do Beira-Rio, no seis de abril de 69, eu sempre tenho na minha lembrança como se fosse hoje. Eu fui numa festa e após a festa, ao chegar em casa, às 5h55min, porque às 6h da manhã tínhamos a alvorada do Internacional em todo o Rio Grande. Pela primeira vez vi o meu pai com foguetes na mão, soltando foguetes, e eu fui soltar foguetes junto com ele. Isto aconteceu por todo o Rio Grande e os colorados devem lembrar com carinho da alvorada que o Internacional fez neste Rio Grande e sacudiu realmente o Rio Grande com foguetes por todos os lugares. Depois, era tomar café e se dirigir para o Estádio e entrar em primeiro lugar. Era esta a competição, conseguir sentar na arquibancada e poder curti - como dizem hoje os jovens - aquela alegria toda que os colorados estavam sentindo. Fomos, então, lá para o nosso Internacional, num dia memorável e que está na lembrança de todos nós, aquela partida que nos deixou enlouquecidos de ver um grande centroavante - e temos muitas saudades de termos um grande centroavante, continuamos todos os colorados saudosos de termos novamente. Quem sabe na nossa Escolinha um grande centroavante como o Claudiomiro, que fez o primeiro gol no nosso Estádio Beira-Rio.

Vamos ouvir, agora, a transmissão do gol do Claudiomiro.

 

(Ouve-se a transmissão do gol do Claudiomiro.) (Palmas.)

 

Foi uma gentileza do Ver. Záchia que, com amigos ligados ao esporte, trouxe a gravação para que pudéssemos relembrar neste momento importante aquela marca que ficou em todos nós, mas depois levamos o gol e o Gilson Porto liquidou com tudo e rebentou com aquela inauguração maravilhosa do Beira-Rio.

É importante relembrar dentro da nossa história, do nosso Clube, que esses vinte cinco anos são uma primeira etapa de glórias e lutas. Nós temos o dever de continuar lutando para que as novas gerações também tenham a alegria que nós tivemos. Quem sabe não inaugurando mais estádios, porque o Beira-Rio, por muitas e muitas décadas estará firme e atendendo às necessidades dos torcedores colorados, mas para manter as tradições coloradas. É importante que neste momento em que estamos homenageando os oitenta e cinco anos, nós tenhamos consciências que mais do que nunca temos que nos unir a esta diretoria e a todas que sucederem, para que possamos resgatar cada vez mais a força do Clube, fazendo com que possamos trilhar, como sempre, o caminho da glória e das vitórias. Queremos vitória e glória, Sr. Presidente, queremos que cada um dos colorados lutem para que tenhamos esta glória e estas vitórias que, sem dúvida, estaremos colhendo ao longo dos próximos anos, no futuro maravilhoso que o nosso Clube terá. Parabéns ao nosso Estádio e ao nosso Clube. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Anunciamos a presença dos ex-Presidentes do Internacional: Drs. José Asmuz, Manoel Braga Gastal, Gildo Rusowski e Albino Ghering, Benemérito do Inter; Vice-Presidente, Conselheiros, Diretores, Cônsules do Inter no interior do Estado, Bel. Olívio Dutra, ex-Prefeito desta Cidade; Sr. Mauro Pinto Soares, representante da EPATUR; Sr. Firmino Cardoso, Jornalista; Dr. Artur Zanella, Presidente da CRTUR e conselheiro do Internacional; Dr. Fernando Jorge Schmidt, ex-Presidente do Jockey Club e filho do Dr. Edgar Luiz Schmidt, ex-Reitor da UFRGS e ex-Presidente da Assembléia.

O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra, em nome da Bancada do PDT.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente Luiz Braz, Dr. Pedro Paulo Záchia, Presidente do Internacional; Colega Dilamar Machado, representando o nosso Governador, Dr. Tupinambá Nascimento, representante do Tribunal de Justiça do Estado; Jornalista Adaucto Vasconcelos, representando o Dr. Tarso Genro; Dr. Emílio Perondi, Presidente da Federação Gaúcha de Futebol e nosso grande amigo Luiz Bastian, Presidente do Conselho Deliberativo do Sport Club Internacional. Os nossos colegas Fernando Záchia e Jocelin Azambuja recordaram com muita propriedade - e recordar é viver - esses instantes maravilhosos de 25 anos atrás. Dia seis de abril de 1969, completados exatamente ontem, quando houve aquela imensa festa representada pelos foguetes da família colorada. Mas, enquanto o Ver. Jocelin Azambuja falava da festa do nosso colorado, eu me lembrava - e não custa relatar porque é um fato pitoresco e, às vezes, decisivo na vida, seja em qualquer terreno, sentimental, social, esportivo ou qualquer uma das atividades humanas - de um fato que, efetivamente, me deu a consciência de ser colorado. Se cada um de vocês for recordar, exatamente, como ficou colorado, vai encontrar lá nas reminiscências da infância, talvez. Comigo não foi diferente. Natural de Soledade, eu tinha uma bicicleta azul, mas recebi de um amigo um emblema de fundo branco, com a cor vermelha do Internacional, o que ficava muito bonito. Coloquei na frente da bicicleta com arame, e ficou aquele contraste do azul com vermelho muito bonito. Todos elogiavam. Talvez, tenha sido esse fato que começou a me transformar em colorado.

O fato que realmente transformou-me, conscientemente, num torcedor, num militante colorado, foi aqui, ainda guri. Vim interno para o IPA, e tinha uma pessoa que naquela época retirava a gente do internato, porque os pais só buscavam sábado e domingo, me buscou no colégio. Gremista doente, ele disse: “Olha, hoje nós vamos na inauguração do Estádio Olímpico”.

Eu lembro que eu nem conhecia Porto Alegre. Era a década de 50. Ele me levou para as sociais, porque ele era sócio. Fiquei muito assustado com a multidão, a inauguração.

O Grêmio abriu o placar. Eu já tinha aquela simpatia que vinha lá de Soledade pelo Colorado. Mas, aí foram um, dois, três, quatro, cinco, seis. Eu me lembro que até um pequeninho, chamado Canhotinho, fez gol. Não sei quem foi que atrasou uma bola e ele fez o sexto gol. Me parece que o Grêmio fez mais um, foi seis a dois. Eu sei que o Colorado fez seis. Mas o fato pitoresco, não só foi que eu senti que estava eufórico, porque a cada gol eu levantava e ninguém levantava, até ficava constrangido. E o meu amigo me puxava e mandava que eu sentasse. Mas o empate não saiu, pelo contrário, foi aquela goleada. Aí o pessoal começou a se retirar. Na inauguração do estádio, o maior adversário faz seis golos, é algo muito complicado para a alma gremista. Eu, naturalmente, fiquei eufórico e quando olhei para o lado vi que o meu padrinho havia ido embora e me deixado sozinho. Eu, uma criança, que não conhecia Porto Alegre, em meio àquela multidão. Aí fiquei perto de uma daquelas colunas chorando, apavorado, e toda aquela multidão de cara feia. Quando uma alma amiga me colocou em um táxi - ao menos eu sabia o nome da rua em que ele morava. Quando cheguei lá perguntei como ele podia ter me deixado lá e ele não queria nem falar em futebol. Realmente foi um fato impressionante.

Lembro-me um outro fato que ficou marcado que foi aquele famoso time do Figueroa, aquela década de 70 maravilhosa. E lembro daquela tarde linda - pelo menos para nós, que estávamos nas cadeiras - o sol se pondo, aquela cabeçada no azul-marinho do Cruzeiro, fantástica cabeçada centrada do Valdomiro. Tenho uma intuição pessoal, e quando vejo algo assim que é maravilhoso, espetacular, seja uma peça como “O Fantasma da Ópera” em Nova Iorque ou aquele gol maravilhoso, tenho aquele “feeling” de dizer para prestar a atenção, porque a vida é curta e talvez nunca mais aconteça. E aquele gol me arrepiou e pensei: talvez não volte a ver um time igual por muitos anos.

Mas esses 25 anos e os 85 da história do Internacional, para homens que vejo aqui, que construíram a glória do Internacional, Conselheiros - aliás uma das minhas frustrações é nunca ter sido Conselheiro - mas vejo tantos homens como Manuel Braga Gastal que aqui está, que eu admiro tanto, embora nosso adversário político - maragato, de família republicana, tradicional adversário de maragato. Mas o Manoel Braga Gastal pela sua retidão, inclusive como homem público, foi Vice-Prefeito, ainda hoje escreve na imprensa. Admiro, também o Presidente Asmuz.

Nós somos torcedores, participamos, mas os homens que carregam a responsabilidade de decidir - às vezes uma dispensa do jogador; por exemplo quando venderam o Falcão, a torcida ficou inconsolável - tomam decisões que podem trazer grandes problemas, até para aqueles que, às vezes, contrariados, tomam a decisão. Ela pode a longo prazo ser, ou não ser, uma decisão acertada.

Então, esses homens que construíram essa glória de oitenta e cinco anos e que, durante vinte e cinco anos, estiveram presentes nesse caminho de glórias e, também, de frustrações - porque nem tudo acontece como se quer, isso é em todos os setores da vida humana - hoje se reúnem aqui, e nós da Câmara de Vereadores que homenageamos os vinte e cinco anos do Beira-Rio e os oitenta e cinco da história do Internacional, nos irmanamos com essa luta deles, porque sabemos que estão nos representando, estão trabalhando por nós. Merecem o nosso respeito e nosso elogio.

O Presidente do Internacional, irmão do Ver. Fernando Záchia, o Pedro Paulo, ambos filhos do grande José Antônio Záchia, que também, não tinha o nosso perfil político, mas que eu tanto admirei. Foi o único que me concedeu a honra de, em 69, advogado recém formado, convidar-me para integrar o Departamento Jurídico do Internacional, que era liderado pelo Nelson Fonseca, que foi meu colega de turma em 65, na UFRGS. O Antônio Augusto, repórter que estava na “Guaíba”, era da “Rádio Difusora”, na época, e eu, como advogado do Internacional, tive a honra de atuar também no Tribunal de Justiça defendendo o Internacional e o grande atleta Bráulio Barbosa de Lima, consagrado artista da bola. Então, todos nós temos uma pequena história com esse grande clube que nos arrepia, que nos faz inflar quando vemos esse sangue vermelho. Hoje, aqui na Câmara, nada mais fazemos do que sintetizar aquilo que milhares de pessoas, amanhã, lerão nos jornais, de que houve aqui uma homenagem e dirão: que pena que eu não pude ir devido as minhas atividades! Mas eles estiveram lá e não esqueceram, e não desonraram, a gloriosa história do Sport Club Internacional. Eu quero que ela continue assim, que continue com os pró-homens que construíram o Beira-Rio, que diziam que iria afundar, mas hoje é um patrimônio turístico da Cidade de Porto Alegre. Nós somos orgulhosos desses oitenta e cinco anos e dos vinte e cinco anos. O Tarzan, quando foi me vender a cadeira, me disse que o Beira-Rio não iria afundar, disse: “compra que não vai”. Realmente, Tarzan também é uma glória do Internacional. Meu muito obrigado. Eu pude, hoje, por para fora tudo aquilo que a gente, em uma assembléia de colorados, não consegue dizer. Hoje, com tão seleta platéia, a gente consegue rememorar juntos, porque temos esperança de que ainda voltaremos a superar, com algumas conquistas que nos faltam, os nossos velhos adversários. Para isso, trabalho, esperança e força não nos faltam. Vamos para frente e como diz o nosso hino: “ a glória está nos esperando”. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a palavra em nome da Bancada do PT.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre, Ver. Luiz Braz; Exmo. Sr. Presidente do Sport Club Internacional, Dr. Pedro Salvatori Záchia; Exmo. Sr. representante do Governador do Estado Ver. Dilamar Machado; Exmo. Sr. representante do Tribunal de Justiça do Estado, Dr. Tupinambá Nascimento; Exmo. Sr. Representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Companheiro e Jornalista Adaucto Vasconcelos; Exmo. Sr. Presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Dr. Emílio Perondi; Exmo. Sr. Presidente do Conselho Deliberativo do Sport Club Internacional, Dr. Luiz Bastian de Carvalho; Prezado Companheiro e ex-Prefeito, Sr. Olívio Dutra, demais Vereadores, Senhoras e Senhores. Essa Casa assiste todos os meses, todo ano, diversas e justas homenagens: Títulos Eméritos, Sessões Solenes, comemorações de aniversário. Homenagens que sempre carregam, de uma forma mais ou menos implícita, um caráter político. Falar nestas ocasiões sempre tem o peso, a responsabilidade e, às vezes, a monotonia de uma tarefa política. O espaço do discurso precisa ser disputado, a linguagem meticulosamente escolhida, sua forma equacionada, é preciso que se estabeleçam conexões com os interesses que estão em jogo.

Já falei pela Bancada do Partido dos Trabalhadores, em Sessões Solenes, em homenagem ao aniversário do Inter. E confesso, talvez ingenuamente, que todas essas vezes são diferentes para mim. Recordo-me de ter falado do futebol como raro momento de genuína expressão de um sentimento popular, que no estádio não necessita de políticos ou acadêmicos para ser codificado. Ele está ali, explícito, definitivo, irrefutável. Recordo-me, em outra ocasião, de ter feito um apelo pela reintegração do centroavante Gérson, que hoje infelizmente volta a passar por momentos difíceis, mas que na época não só voltou ao time como liderou a conquista de nosso, último título nacional. Cada discurso, como este, carregava uma alegria e um gosto especial.

Carregava um gosto diferente da aridez normal da vida política, porque a minha relação com o Inter se dissocia das noções carregadas pela política. Se assim fosse, guiada por conveniência política, faria questão de falar no aniversário do nosso arqui-rival. Afinal, meus eleitores, como a Cidade de Porto Alegre, provavelmente, também se dividem ao meio. Minha relação com o Inter é uma relação de paixão, e a paixão pelo futebol, a paixão pelo clube, felizmente, não segue nenhuma norma racional. Quantos milhares de porto-alegrenses amam o Inter? Quantos milhares declaram seu amor ao aplaudir, ao vaiar, ao ir ou se ausentar nos estádios, nos bares da Padre Cacique ou na Rua da Praia? Cada torcedor é um e o melhor técnico em potencial. Declarações de amor pelo Clube que carregam um desejo íntimo e frustado de estar dentro do campo, de entronizar a magia daquela linda, sedutora e indescritível camisa vermelha. Milhares de declarações anônimas. Eu, que carrego desde a infância esse mesmo desejo frustrado, tenho, em cada Sessão como esta, o privilégio de tornar pública minha declaração de amor. Por isso, na véspera de cada uma dessas Sessões, preocupo-me, como na noite que antecedeu a decisão entre Inter e Cruzeiro, e preparar o meu discurso tem o mesmo gosto do ritual de ouvir cada programa de rádio, ler cada reportagem nos jornais antes dos jogos. Preparativos para um ritual que me hipnotiza e pelo qual sou viciado.

A política é um espaço onde, para sobreviver, é preciso que se construam sistemas de verdade, discursos hegemônicos, totens. O quanto é difícil desmistificar as coisas na política? A política é um espaço de dogmas. Quantas dezenas de anos foram necessárias, por exemplo, para que a esquerda (ou pelo menos a mais lúcida) abandonasse o fetiche da luta de classes ou do comunismo como fim derradeiro da história? A política é o mundo dos ícones. Talvez por isso seja um mundo de neuroses. Um estádio de futebol, tomando a liberdade de roubar a passagem de um brilhante comentário de Ruy Carlos Ostermann, é um espaço iconoclasta. Iconoclastia quer dizer destruição de mitos. Falamos de algo muito mais radical que uma heterodoxia bem-comportada. Camile Paglia, Robert Musil, Bukowski, Tom Waits, Paulo Francis, Nelson Rodrigues, Paulo Sant’Ana, todos iconoclastas, como um estádio. Não existem os limites da conveniência ou as barreiras do “politicamente correto”. Em um estádio impera a crueza e a sinceridade do sentimento, que surge e é decodificado aqui e agora. Não há totem ou verdade pretensamente universal que resista à sua caleidoscopia avassaladora. Que representação mais autêntica da iconoclastia do que Batista jogando no Grêmio ou Lima jogando no Inter? Por isso, no fim do século, o futebol mantém viva a sua sedução, enquanto a política desbota a sua cor.

São 85 anos do Inter, 25 anos de Beira-Rio. Quantas coisas não vimos no Beira-Rio? Em 1975, o Cruzeiro derrotado pelas defesas de Manga e a cabeçada da Figueroa que, com a autoridade de quem decidiu o campeonato, passou o resto do jogo dando cotoveladas em Palhinha. Em 1976 o Brasil se curva diante da tabela de cabeça entre Falcão e Escurinho, na semifinal contra o Atlético Mineiro. Depois disso, a decisão contra o Corínthians foi mera formalidade. Em 1979, após 80 jogos invicto, o massacre a que foi submetido o pobre Vasco da Gama, a quem nos demos ao luxo de derrotar, jogando com Chico Spina o Rio e Beliato em Porto Alegre. E, não poderia faltar, com o perdão do meu colega e amigo Mazzaropi, o inesquecível “Gre-Nal do século”. Virar o jogo com um homem a menos. A tenacidade de Edu jogando de lateral e ponteiro ao mesmo tempo. O ódio contido de Luiz Carlos, dispensado no Olímpico, comandando o meio de campo. A irreverência de Maurício brincando de aviãozinho ao ser substituído. A crueldade de Nílson, o matador, a quem o Grêmio foi inutilmente buscar, como a procura de uma era perdida, como quem pede perdão ao seu próprio carrasco.

Os co-irmãos que me perdoem, mas nada pode ser maior. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib, pela Bancada do PPR, está com a palavra.

 

O SR. JOÃO DIB: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Luiz Braz; Exmo. Sr. Presidente do Sport Club Internacional, Dr. Pedro Paulo Salvatori Záchia; meu caro Dilamar Machado, representando S.Exa. o Sr. Governador do Estado, Jornalista Adaucto Vasconcelos, representando o Sr. Prefeito Tarso Genro; Luiz Bastian de Carvalho, Presidente do Conselho Deliberativo; meu caro Dr. Tupinambá Nascimento, representando o Tribunal de Justiça do Estado; meu caro amigo Emílio Perondi, Presidente da Federação Gaúcha de Futebol; meu caro ex-Vereador Manoel Braga Gastal; meu caro jornalista Firmino Cardoso, sempre presente às solenidades desta Casa; meu caro ex-Prefeito Olívio Dutra; meus Senhores; minhas Senhoras; Vereadores e todos colorados. Eu pensei muito o que eu diria numa solenidade de 85 anos do Sport Club Internacional, na vida de uma pessoa é muito tempo, mas na vida de um clube é pouco, ele apenas está ficando mais forte, mais sólido, mais competitivo, está comemorando a sua história, a sua adolescência. Vivi algumas coisas dessa história. Aquele Internacional que iniciou na rua, Internacional com campo, após passou para o Estádio dos Eucaliptos, onde termina uma etapa da sua história, inicia outra no Estádio Beira-Rio. Nesse estádio já começo a ter alguma participação, porque era Secretário de Transporte do Prefeito que lançou a pedra fundamental, Dr. Loureiro da Silva, maior político que este País conheceu no meu entendimento, melhor prefeito que esta Cidade teve, e de quem Braga Gastal foi Vice-Prefeito e, muitas vezes, o substituiu na Prefeitura. Depois veio outro Prefeito que também tinha João Dib como assessor, eu era assessor-engenheiro de Célio Marques Fernandes, disputava-se a área do Sport Club Internacional. Aquele coração vermelho, aquela cabeça vermelha, e careca do Rui Tedesco queria porque queria 18 metros da Padre Cacique para fazer o Estádio do Sport Club Internacional, isto era extremamente difícil. O Prefeito colorado, o Secretário do Governo colorado, o Secretário de Obras colorado, e eu era gremista. Eles davam entrevista e eu buscava solução. Quando as entrevistas aconteciam o Dr. Rui Tedesco ia como uma fera, estava brabo com todo mundo, mas tinha que se chegar a uma solução. Um dia o Prefeito convocou o Dr. Telmo Tompson Flores, o Dr. Rui Tedesco, o Dr. Moses do Carmo, Secretário de Obras e Viação, o Dr. Diogo Antônio Pastor, também colorado, Secretário do Governo e o João Dib, Assessor do Governo, Assessor e Engenheiro, para sentarem na mesa e buscar solução com a Divisão de Urbanismo, que era comandada pelo Dr. Militão Ricardo. Começou a reunião, o Prefeito levantou e disse: “ O Dib toma conta”. Fiquei ali no meio daqueles jovens muito brabos, de repente o Dr. Tedesco foi interrompido pelo Militão de Moraes Ricardo e disse: “Mas Rui. Espera aí.” “Rui não Senhor, Engenheiro Rui Tedesco”. Começou a investir contra o Militão. E dizia: “Enquanto a Prefeitura lá no nordeste na cidade tal investe tanto, enquanto outro investe tanto...” Eu só olhando para ele, dizia assim: “Enquanto eles investem dinheiro lá para fazer estádio, nós estamos aqui investindo um contra o outro e não vão fazer o estádio assim. Não dá 18 metros; mas quem sabe dá nove metros?” Aí todos pararam e pensaram: Mas como é que não pensamos que poderia ser com nove? Então vamos estudar os nove. A Prefeitura chegou à conclusão que dava onze e o Sport Club Internacional recebeu onze metros para fazer em melhores condições o estádio, que já estava bastante adiantado. Tanto que o Dr. Telmo e o Dr. Tedesco me levaram lá e mostraram no alto da arquibancada aquela curva magnífica. Mas os dois era vermelhos, excessivamente vermelhos. De qualquer forma ganharam os onze metros. Agora, o Sport Club Internacional é maravilhoso mesmo. No dia da assinatura do documento claro que estava toda a diretoria, secretário do governo, todos que interessavam, já não tinha problema para assinar. Daí quando trouxeram o livro disseram que não iriam assinar se o gremista João Dib não estivesse lá também. Foram buscar o João Dib para sentar lá e tirar fotografias. Eu tinha um pedaço da história do Internacional que de repente eu acompanho.

Oitenta e cinco anos de um clube, o que importa mesmo não é só a diretoria, é toda aquela gente que sofre, chora, rasga a camisa, rasga a camiseta, contribui e que se chama torcida, e que é anônima. Esta gente merece o nosso respeito e o nosso carinho. O Internacional, pela sua torcida, pelo seu trabalho, pelo entusiasmo de todos, tem contribuído muito com a história desta Cidade, deste Estado como foi colocado. O Internacional colocou nesta Casa, talvez eu possa cometer uma falha, quatro Vereadores, Ver. Meneghetti, Ver. Cabral, Ver. José Alexandre Záchia e o Ver. Gastal. Colocou no mínimo dois jogadores, Larri e Valdomiro, mas na história da Cidade, nas diferentes posições, colocou muita gente que engrandeceu a Cidade. Ao Presidente Záchia eu devo dizer que o seu pai foi presidente do Internacional e, hoje, tem obrigação de superá-lo.

Mas um dia, almoçando com ele, ele me disse que não foi Presidente do Internacional no momento que ele desejava, que ele escolheria, não foi naquele momento, ele preferiria mais tarde. Veja que o destino sempre escreve certo por linhas tortas; se ele quisesse ser mais tarde, talvez não fosse, mas foi na hora certa e fez bastante para engrandecer o Clube. Na verdade, meus caros colorados, como eu disse, não tinha programado uma coisa que fosse essencialmente minha e perguntei para todos os meus amigos; a homenagem que o PPR presta ao Sport Club Internacional poderia ser muito mais resumida. Dizem que às vezes eu consigo falar bem e hoje, talvez, eu não esteja conseguindo e talvez eu conseguisse fazer o melhor discurso, a melhor homenagem se eu não dissesse nada, porque depois da flauta toda que os que me antecederam tocaram ... Eu, Conselheiro do Grêmio, na Tribuna, com a bandeira do Internacional, com o distintivo do Internacional no peito, eu não precisaria dizer nada; eu, apenas, ficaria aqui por alguns segundos e os Colorados saberiam que o Grêmio também deseja o sucesso do Colorado, que a confraternização é uma realidade, que a disputa, para quem ganha, é permanente, e é o que importa, e é o que precisa continuar acontecendo. Se o Omar Fontoura não tivesse me dado o distintivo, que eu imediatamente coloquei, talvez eu não estivesse sendo tão sincero. Se eu chegasse aqui em meu nome e nome do Pedro Américo Leal e não falasse nada, saberiam que o Conselheiro do Grêmio deseja ao Sport Club Internacional todo o sucesso do mundo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Agora que todas as Bancadas da Casa já se pronunciaram, todos já fizeram sua saudação aos 85 anos do Sport Club Internacional e aos 25 anos do Estádio Beira-Rio, chegou o momento de ouvirmos a palavra daquele que é o responsável, na atualidade, pelos destinos desta grande “nação” colorada. É com satisfação que oferecemos a tribuna desta Casa ao Presidente Pedro Paulo Záchia.

 

O SR. PEDRO PAULO ZÁCHIA: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Luiz Braz; Exmo. Sr. representante do Governador do Estado, Secretário de Comunicação Social, Dr. Dilamar Machado; Exmo. Sr. representante do Tribunal de Justiça do Estado, Dr. Tupinambá Nascimento; Exmo. Sr. representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Jornalista Adaucto Vasconcelos; Exmo. Sr. Presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Dr. Emílio Perondi; Exmo. Sr. Presidente do Conselho Deliberativo do Sport Club Internacional, Dr. Luiz Bastian de Carvalho; Ex-Presidentes do Internacional; Conselheiros; torcedores; Senhoras e Senhores.

(Lê.)

“A vida vem me concedendo, confesso, mais do que faço por merecer.

Hoje, em especial, oportuniza-se episódio que reúne felizes coincidências proporcionadas pela vida. Homenageia-se os 85 anos do Sport Club Internacional que tenho a honra de presidir, assim como, há tempos atrás, também meu pai foi, com orgulho, seu primeiro mandatário. É indispensável pedir vênia aos Senhores para dizer-lhes da duplicada satisfação deste momento, ao aqui comparecer na qualidade de dirigente do Internacional, Casa em que, em anos anteriores, José Alexandre Záchia exerceu mandato eletivo, Casa na qual meu irmão, Luiz Fernando, cumpre a nobre tarefa da vereança. Mas se meu histórico familiar possui ligações com este órgão, o Sport Club Internacional, ao longo de seus 85 anos de existência tem sua trajetória marcada por importantes decisões desta Câmara. O sonho do Gigante do Beira-Rio o complexo esportivo, cultural e de lazer lá instalado tornou-se realidade a partir de projeto original desta Casa, de autoria do então Vereador Ephraim Pinheiro, nos idos de 1957.

Ontem, seis de abril, comemorou-se os 25 anos de inauguração da obra erguida com a força do Povo Colorado.

Esta Câmara - Casa do Povo - atenta às necessidades da municipalidade, através do Clube do Povo, ensejou a vivência de uma nova realidade que, sob o ponto de vista social, cultural e turístico, alargou de maneira irreversível as fronteiras da nossa Porto Alegre. Homenagear nesta data o Internacional significa. reverenciar a todos, e em especial, a massa Colorada, comprovadamente a Maior Torcida deste Rio Grande.

Assistimos a tempos difíceis. Mesmo o futebol que, sadiamente, estimula rivalidades, suscita emoções, alimenta esperanças e une classes sociais distintas, é relegado, provisoriamente. Almeja-se a uma opção secundária, enquanto seu grande número de aficionados se empenham na tarefa de sobreviver. Vivemos tempos de transição.

A adaptação à nova ordem econômica, a novas disciplinas legais, impele à criação de estruturas administrativas que, rápida e eficazmente, se adequem à realidade, oferecendo resultados imediatos. Esta, agora, é a tarefa de qualquer empreendimento e, em especifico, é a missão dos clubes de futebol. Empenha-se o Internacional, no momento, nesse trabalho de reestruturação de seus mecanismos administrativos e financeiros, estando convicto de que o tempo despendido para a transição irá gerar, em breve, uma era de importantes conquistas.

É preciso manter a tradição. É imperioso preservar a grandeza do Clube. É indispensável resguardar seu patrimônio. Ao mesmo tempo é impostergável a missão de proporcionar aos corações colorados a alegria das vitórias e, com elas, o estímulo à rivalidade particular desta Província, que tem a capacidade de arregimentar massas humanas, colorir a Cidade, impregnar de emoção o mais frio dos indivíduos e de inspirar intelectuais, como Luiz Fernandes Veríssimo, em seu “Traçando Porto Alegre”, quando lembra:

“Se o que move o capitalismo é a fome do lucro, o que move o irracional futebol de Porto Alegre é a fome da flauta. Há rivalidades parecidas no resto do Brasil, mas duvido que haja outra igual.”

Interpreto o sentido da homenagem aqui prestada como mais um público compromisso que, juntamente com meus companheiros da Diretoria e com o Conselho Deliberativo do Clube, é assumido, tendo por objetivo o trabalho incansável de manter vivo, grande e vitorioso, o Sport Club Internacional, para orgulho de sua Cidade e alegria de seu Povo.” Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não precisamos ressaltar o orgulho que esta Casa tem em receber todos os senhores nesta homenagem que estamos prestando ao Sport Club Internacional, um dos grandes símbolos de glória para todo o Rio Grande do Sul, e porque não dizer, para todo o nosso País. Ressaltando estes símbolos tão importantes, que para nós exercem em determinados momentos fascínios especiais, queremos aqui dizer que um dos maiores símbolos que o Internacional possui, e é reconhecido em qualquer canto, por qualquer brasileiro, está exatamente ali na Tribuna, que é a sua bandeira. Tenho a certeza absoluta que o Internacional e as pessoas que gostam do Internacional, e as pessoas que vivem o Internacional, vão se arrepiar, em qualquer canto, quando de repente lá enxergarem a bandeira, o escudo do Internacional.

Tenho a certeza de que o símbolo mais vivo, o que realmente faz com que tenhamos bem vivos em nossa memória a glória do Internacional, é o Hino, porque, afinal de contas, é com o Hino que podemos cantar, que podemos extravasar o nosso amor pelo nosso clube. Reservamos, neste dia, nesta Sessão Solene, para o fecho da Sessão, o Hino do Internacional.

 

(Executa-se o Hino do Sport Club Internacional.)

 

Nada mais havendo a tratar, está encerrada a presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h30min.)

 

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